quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Capítulo de hoje: Cachorros de rua

Eu e os animas de rua temos um caso sério de amor. Ou melhor dizendo, sou apaixonada pelos animas da rua, principalmente os cães. O misto de sentimentos como compaixão, admiração e pena é tão grande que já parei o carro pra ajudar cavalo de carroceiro, salvei gatinho com pata quebrada, já peguei passarinho caído. No caso do gato, o Cafezinho, a história rendeu uma novela mexicana tão tragicômica que merece um capítulo à parte.

Em um domingo desses, como faço sempre, acordei às 7 da manhã e fui levar o carro para lavar, em um posto do final da Asa Norte. Levei o Chico, meu cachorro, porque enquanto estão lavando o carro, volto a pé para casa. São só duas ou três quadras e eu e meu shitzu vamos aproveitando o sol da manhã.

Nesse dia, durante o caminho, vi um cachorro pequeno, marrom com a ponta do rabo branquinho. Claro que, sem pensar, fiz aquela voz de conversa tatibitate que as mães usam com as crianças pequenas: “-Oi, neném, vochê é menina ou menino?”

Abaixei a cabeça, analisei, e vi que era menina. E uma menina muito esperta. Veio nos seguindo... Seguindo... Uma quadra, duas quadras. Fazia umas gracinhas para mim: pulava, atravessava a rua e ficava nos esperando do outro lado. Lógico que minha mente criativa começou a fantasiar. “Vou ficar com ela, vou levá-la ao veterinário, ela vai se chamar Rapa, pois é parecida com uma raposinha.”

Raposinha nos acompanhou até a portaria do prédio. Fiquei com o coração partido. Subi com o Chico, peguei um pouco de ração e desci. Para piorar, ela estava me esperando, deitada, com as patas cruzadas, a esquerda em cima da direita... tão fofa! Tive que tomar uma decisão rápida e me conter; não fiquei com a cadelinha, dei a comida e não olhei para trás. Ela comeu, bebeu água e foi embora.

Contei a história para todo mundo que encontrava naqueles dias, como meu coração estava partido, como a cachorrinha tinha me escolhido, pois tinha me seguido, como queria ficar com ela, como o mundo era injusto. Ao ouvir minhas lamentações, meu irmão, que sempre dá um banho de realidade no meu romantismo, tentou me consolar do jeito dele:

“- Ah, Lílian, deixa de ser boba. Esses cachorros de rua são iguais estelionatários. Eles sabem quem seguir!”

2 comentários:

  1. Ah, Lil... às vezes ela queria ficar mesmo com vc. Estava carente, abandonada e com fome. Ou talvez fosse apenas espertinha. Você fez sua parte. Acho que a única vez que cachorros me seguiram foi para me perseguir e possivelmente me atacar, e eu corri desesperada quase uma quadra e eles latindo para mim!!! Eu devia ter uns 13 anos. hehehe

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  2. Ahhhhhhhh, que dóóó... Nem vou pensar muito sobre isso, vc sabe que sinto as mesmíssimas coisas. Mundo injusto. Vamos abrir um abrigo pra cachorros?

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